Nota: Não sei até quando escreverei essas confissões, mas tentarei fazer isso diariamente: todo dia uma confissão sobre o que houve e o que há, o que vi e vivi, os momentos mais desesperadores da minha vida. Não tenho pretensão, além de escrever sobre o amor e tirar um pouco da angústia que sinto no coração.
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Você já teve aquela sensação de que a partir de agora (e esse agora já faz tempo) você não pode mais errar? E estou falando sobre errar feio, cometer um erro drástico que lhe fará se arrepender da maneira mais pesada possível. Estou falando sobre um erro tão estúpido partindo de uma decisão tão irracional e confusa que te deixa tão deprimido a ponto de só querer conversar e compreender o que houve, pois você tem certeza de que não foi culpa sua (dos dois) e que tudo não passou de influência de uma atmosfera que transformou o amor do 'querer estar cada dia mais junto' em um 'amor de fugir'.
Essa sensação de não poder mais errar me acompanha desde aquele dia. Mas, mesmo sabendo que era a coisa errada, eu não queria dizer não. Eu sentia que ela precisava sair dali, precisava de um tempo longe: infelizmente, por falta de um diálogo sincero e por esquiva, esse tempo longe se tornou um tempo longe de mim também. Eu só queria vê-la aliviada daquela tortura. Foi por amor, claro que foi. Mas foi errado. Eu deveria ter implorado de joelhos. Deveria ter chorado diante dela, e não escondido. Deveria ter perdido aquele avião como quase aconteceu ou saltado e saído correndo daquele ônibus. Mas eu também estava assustado com tudo. Não foi culpa nossa.
Todos os dias, sozinho, eu fazia o mesmo caminho. Passava pela mesma esquina e a mesma amoreira e pensava: "mais um dia aqui, mais um dia de saudade dilaceradora"; e contava quanto ainda me faltava para conseguir ir embora. O cotidiano ilosado me deprimia. A saudade me consumia. A vontade de conversar me abalava e martirizava (e me era negado). E por mais que tudo isso, todo este sentimento de amor pareça bobagem... bom, então você nunca vai saber do que estou falando se isso parecer bobagem.
Os carros, as sirenes, as pessoas, os semáforos, as ruas repletas ou desertas, os caminhos, as esquinas, os dias e as noites, aquele lugar selvagem, aquele apartamento congelante e desolador… tudo agora me dava medo e repúdio. E todos os lugares por onde passávamos e frequentavamos zombavam de mim, riam da minha cara e apontavam o dedo me julgando. Ela estava em tudo, em cada milímetro, em cada movimento, em todos os motivos. Mas não estava mais ali; e tudo o que eu mais queria era que ela estivesse ali, ali comigo, não importava aonde.
Um grande amigo sempre me disse: "a gente pode errar (feio) até os trinta; depois dos trinta a gente não tem mais esse direito". Não vejo diferente. Por isso retornei: para me redimir e tentar corrigir o maior erro da minha vida. Esse que o tempo não perdoa.
6…
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