#VocêsNãoSerãoEstupradas!
Me sinto indignado, chocado e, no mínimo, envergonhado com tamanha ignorância de parte de alguns “homens” em relação às manifestações contra o estupro iniciadas em Março. Sinceramente, não consigo compreender a quantidade de homens expressando abertamente seus conceitos e razões que justificam o estupro como prática comum, ou mesmo necessária, como forma de “lição de moral”. Quando vejo situações assim, me sinto tão agredido, tão humilhado quanto às mulheres.
Me sinto indignado, chocado e, no mínimo, envergonhado com tamanha ignorância de parte de alguns “homens” em relação às manifestações contra o estupro iniciadas em Março. Sinceramente, não consigo compreender a quantidade de homens expressando abertamente seus conceitos e razões que justificam o estupro como prática comum, ou mesmo necessária, como forma de “lição de moral”. Quando vejo situações assim, me sinto tão agredido, tão humilhado quanto às mulheres.
Realmente tento, e tento muito,
encontrar uma resposta que engane a mim mesmo. Mesmo como professor, como
escritor, filósofo... Enfim, não consigo. Pois, estas pessoas estão envoltas em
uma imbecilidade tão grande e grotesca que anulam minha capacidade de análise.
Não consigo conceber a ideia de hoje, século 21, alguém ainda abra a boca pra
dizer que “mulher merece ser estuprada se estiver usando ‘roupa vulgar’”. Não
me desce nem com água, nem com vodka.
Há dois anos também realizo
campanhas contra o estupro e contra a violência contra as mulheres. Também
encontro algumas restrições (também de mulheres). Aparentemente, falar de
estupro é quase que a mesma coisa que mandar a mãe de alguém tomar naquele
lugar. Em 2013 fiz um quadro em forma de protesto, e deste fizemos cartazes,
com a frase “Por favor, não me estupre”. Com esta frase, quis retratar a
súplica desesperada de mulheres violentadas no ato da violência. Bom, teve
gente que me condenou dizendo que “essa frase inferiorizava ainda mais as
mulheres”. Isso não incomodou tanto, pois explicava o sentido e ficava tudo
certo. Mas, o que me incomodou, foram mulheres que viam os cartazes e diziam: “não
sei se posso compartilhar a campanha, a mensagem é muito forte”. Eu respondia:
“Mas o estupro não é uma violência muito forte”? O mesmo acontecia com alguns
homens, que usavam o mesmo artifício para não aderirem à campanha.
Estou dizendo isso, pois, pelo o
que parece, a coisa só é séria de verdade quando alguém perde a vida, ou quando
uma mulher de qualquer idade tem seu corpo massacrado por uma violência tão
primitiva e repulsiva quanto o próprio ato e pensamento de pessoas a favor do
estupro.
Além disso, me indigna a postura
do “... poderia ser pior”; “estuprou, mas não matou”; “bateu, mas não violentou
sexualmente”... E por aí vai. São posturas medíocres, coniventes com a
banalização do assunto, transformando o estupro em uma prática tão natural
quanto o sexo convencional, e que ainda torna a vítima uma culpada.
Querem falar de dados? Ok.
Segundo a Organização das Nações Unidas, 1 em cada 4 mulheres foi ou será
estuprada ou violentada de alguma forma ao longo de sua vida. Acha pouco?
Certo. Passeiam 4 mulheres (falo para os boçais): sua mãe, sua irmã, sua tia e
sua prima. Em algum momento uma delas será agredida. E aí, a coisa mudou de
figura? Em algum momento sua mãe será abusada sexualmente, ou então sua
filhinha terá o corpo brutalmente rasgado por um adulto totalmente avesso a
razão humana. Depois disso, fica pra você a responsabilidade de explicar a elas
que isso é totalmente normal, segundo sua visão.
Continuando.
Como não consigo avaliar de uma
maneira mais aprofundada, pois não existe profundez nestes casos de aberração
ultramachista e sexista destes homens... Me faltam palavras. Gostaria de fazer
uma análise social, sociocultural, filosófica, mas não posso, pois a fala
destes seres é tão cretina e superficial que não me deixam pensar ou ficar
quieto, pensando que nada está acontecendo. Gostaria de olhar nos olhos de um
cidadão desse nível e dizer, sinceramente: “Você é a favor do estupro, então?
Vista uma cinta-liga em sua mãe e divirta-se, amigo”. Mas não posso. Gostaria
de vestir em mim um lingerie super sensual e pedir pra pessoas assim tentarem
me estuprar, já que a questão é a roupa.
Posições fascistas assim
(independente da posição política do indivíduo), me fazem acreditar piamente
que o Brasil não é mesmo um país sério. Se o fosse, só o fato destes “homens a
favor do estupro” apoiar esta prática já os levaria a jure pela incitação e
apologia a violência contra as mulheres e a sociedade. Gente assim precisa, no
mínimo, de tratamento psicológico para entenderem que o que estão dizendo está
absurdamente errado, quanto mais incitar a prática.
É o tal negócio: a culpa nunca
sairá das costas das mulheres. Pode se cobrir com uma burca, e mesmo assim a
culpa será sua, caso seja estuprada ou sobra outro tipo de violência. Vestiu
saia? Pode por a calcinha pro lado e deixar alguém te violentar, pois é isso o
que você quer. Conversou duas palavras a mais do que supostamente deveria com
os colegas de trabalho? Imagina!, você não tem a menor vergonha e está se
oferecendo. Mulher não pode conversar com homem, não. Pois, qualquer coisa é
motivo para a mulher ser taxada de vagabunda. Os homens, porém, estes que só
pensam em sexo e fazem qualquer coisa pra gozarem, estes sim estão certos. Esse
cara do seu lado que te come com os olhos a ponto de constranger a todos, esse sim
está certo. Esse imbecil que seca sua bunda sempre que você passa, esse sim é
macho de verdade e está coberto de razão. Você, mulher, serve pra isso. (Espero
que entendam a ironia deste parágrafo).
Na hora da queixa, os policiais
ainda lhe perguntarão: “... mas, você estava vestindo o que quando foi
estuprada? Será que se estivesse de calças isso aconteceria”?
Só gostaria de entender uma coisa
simples: estou vendo muita gente (homem) dizer e escrever, e até se manifestar
a favor do estupro dizendo que mulher que usa roupa “vulgar” merece ser
estuprada. Isso me faz pensar: então todas as mulheres que estão em uma praia
precisam ser estupradas urgentemente. Carnaval, então, nem se fala. Natação e
esportes olímpicos com maiô... pior ainda. Uma mulher de babydoll é um convite
ao abuso. Usou decote, ferrou.
Por favor, imbecis que buscam
desculpas bizarras e inacreditáveis para transar de alguma forma com um ser
vivo, fica aqui meu pedido: se matem, toquem uma bronha, paguem uma prostituta,
cortem seus paus fora. Mas não pensem que podem violentar uma mulher pelo
simples fato de ela existir. Seu corpo é da sua conta. O delas é da conta
delas. Se querem fazer topless ou andar por aí de bikini, isso não é da sua
conta. Ninguém tem o direito de agredir ou julgar outra pessoa e violentar seu
corpo.
Para mim, quem supõe que sim, que as mulheres devem ser estupradas ou sofrer violência de sexual... para mim já são estupradores, independente de cometerem o ato ou não. Qualquer um pode ser preso por apologia ao crime, ao uso de drogas... Por que não pode ser preso por incitar a prática do estupro? Exílio psicológico seria pouco.
Se são a favor do estupro, e
podem dizer isso abertamente sem sofrerem nenhuma consequência legal, então eu
poderia pedir aqui: “mate um estuprador”. Poderia? Tudo certo, então? Ok. Seria
melhor assim. Diminuiríamos a quantidade de ignorantes, de monstros sociais,
psicopatas que veem na violência contra a mulher o único modo de satisfação.
E não falo apenas do estuprador
ocasional. Falo do parceiro que maltrata a mulher na cama, no dia a dia. O
sexista que gera preconceito sobre posições sociais femininas... Falo de todos
os aspectos, todos os níveis de todas as camadas sociais: sexistas, machistas,
ultraconservadores. Falo do homem que diz ser liberal, a favor das conquistas
das mulheres, que faz tudo certinho, cumpre seus deveres... Mas que, sempre que
pode, vê e fala da mulher como e simplesmente um objeto sexual. “O que? Ela não
quer fazer anal? Onde já se viu... Mulher tem que deixar, se não, não é sexo”.
“Ela não deixa gozar na cara? Como assim? Que filha da p#%@. Mulher gosta de
apanhar na cara”.
Concluindo (se é que posso).
fonte: perfil da jornalista no Facebook |
Sou completamente a favor de
absolutamente todas as manifestações que buscam colaborar para uma sociedade
melhor, e mais ainda a favor daquelas que pretendem aniquilar a visão das
mulheres como objetos sexuais. Sou totalmente a favor da campanha realizada
pela jornalista Nana Queiroz e por tantas outras campanhas de repúdio a
violência contra as mulheres, e compreendo também quando algumas (feministas
ortodoxas) duvidam de minha postura a favor de suas campanhas (pois o
tradicionalismo machista faz com que as mulheres não confiem nos homens, com
razão, até mesmo quando estão a favor de suas lutas, e querem lutar juntos).
Só tenho que aplaudir a coragem e
principalmente o senso de humanidade de Nana Queiroz por sua campanha, e pela
força que recebeu. Ações assim servem, no mínimo, para repensarmos toda uma
estrutura sociocultural que impõe preconceitos ultraviolentos contra a figura
feminina. Estas campanhas dever ser sim tão violentas quanto os atos sofridos
pelas mulheres. Chega daquela falácia do blá blá blá que não leva a lugar
nenhum, do tipo sentar em roda e rezar o pai
nosso. A agressividade que destrói a vida de uma mulher deve ser utilizada
em dobro em campanhas para reverter à situação, e punir imediatamente estes
agressores e aqueles que insistem em dizer que “mulher merece ser estuprada”.
Não! Absolutamente não. Mulher
não merece ser estuprada. Nada justifica um estupro. Nada justifica a agressão.
Nada explica o fato de um indivíduo sair de sua casa para violentar sexualmente
ou de qualquer outra forma uma mulher. Mas, você sim, ignorante de plantão,
estuprador incubado, enrustido, você sim merece ser punido, pois não tem preparo
algum e falta-lhe esclarecimento, base, conhecimento mínimo... você não é e não
merece ser um ser humano inserido em sociedade.
Mulher não merece ser estuprada,
agredida, violentada, abusada, mulher não é objeto sexual ou objeto de consumo
e ponto final.
#EuNãoMereçoSerEstuprada #VocêsNãoSerãoEstupradas!
____
Obs.: Peço desculpas pelo descontrole em alguns pontos do texto. Normalmente, textos gerais eu escrevo de forma imparcial. Mas, como citei, não consigo mais encontrar palavras para descrever tamanha imbecilidade.
____
Veja também: Campanha de Combate à Violência Contras as Mulheres
Obs.: Peço desculpas pelo descontrole em alguns pontos do texto. Normalmente, textos gerais eu escrevo de forma imparcial. Mas, como citei, não consigo mais encontrar palavras para descrever tamanha imbecilidade.
____
Veja também: Campanha de Combate à Violência Contras as Mulheres
Nenhum comentário:
Postar um comentário